28.2.14

Rir Para Não Chorar

Os suíços são pessoas muito engraçadas. No dia 9 de Fevereiro 56% dos suíços votou, entre outras coisas, para limitar a emigração em massa. O Sim passou com 50,3%, ou seja, metade do país votou e dessa metade houve uma divisão quase perfeita, com 20 mil votos de diferença. Pelos vistos ter 56% por cento da população a votar espantou toda a gente, por ser um numero altíssimo de participantes, eu acho ridículo que metade do país se esteja nas tintas para o que lhes acontece, mas como dizem, cada um tem o que merece.

É verdade que cá há votações demais, de 3 em 3 meses há 3 votações tipo referendos e para além disso devem haver as eleições a sério para os políticos. Esta ideia que toda a gente tem de pronunciar sobre todos os assuntos é para mim a prova que a democracia directa que se pratica cá, não resulta. E a grande desculpa que dão é que com tantas votações é difícil fazer as pessoas votar, mas mais uma vez vim a perceber que isto é só gente preguiçosa como o raio. Quando há uma eleição ou votação cada cidadão suíço recebe no correio o boletim de voto, as informações de todos os partidos relativos ao tema que está a ser votado e um envelope que não precisa de selo. Suas excelências, só tem de fazer a cruz, assinar o envelope para provar quem votou (tão, mas tão absurdo) e pôr numa das milhares caixas do correio que estão em toda a parte. Mesmo assim, não o fazem.

Mas adiante, o Sim ganhou e como tal a Suíça tem 3 anos para estudar a mudança da lei e para a implementar, no entanto quase imediatamente os suíços recusaram-se a dar aos Croatas (que já fazem parte da UE) os mesmo direitos de todos os cidadãos da União Europeia, logo a UE começou também a aplicar medidas, como suspender um programa de investigação universitária "Horizon 2020" e o famoso "Erasmus". E o mais interessante é o tom com que a imprensa dá estas notícias, a UE é vista como a má da fita vingativa, que quer fazer mal aos suíços. O que eles querem é impedir os outros de vir para cá, mas querem continuar a beneficiar de tudo o que têm agora. São como as crianças mimadas que não querem partilhar os chocolates com os primos, mas que ficam furiosos quando os primos não lhes dão bolo.

Será que esta foi a decisão certa para eles? Na realidade não sei, mas pouco importa. O que importa é assumir o que se fez e compreender as consequências. Porque é preciso muita lata para querer ter mais direitos que os outros, e quando descobrem que não vão sair impunes, vir ter o discurso do coitadinho que está a ser mal tratado.

Não me preocupo muito com o resultado da votação, felizmente tenho um passaporte português e se neste país a coisa correr mal, há muitos sítios onde deve valer mais a pena viver.

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